A adolescência
é uma fase da vida onde não faltam razões pra você se deprimir profundamente. Me
sentia obrigada a manifestar algum dano emocional. Na minha adolescência era
muito difícil explicar ao outro como me sentia. Até mesmo pra mim. Era muito
sentimento que me tomava conta. Raiva, impulsividade, medo do abandono, rejeição
ao meu próprio corpo. Na escola quase não tinha amigos, me sentia estranha
naquele pequeno núcleo, às vezes invadida. Lembro que me mutilava entre as
aulas, era quase um pedido de anexação a primeira vista, mas os olhares
visivelmente diziam: “Por que você quer chamar atenção desse jeito? O mundo não
escuta seu grito de garota triste e solitária?” Bom, contrariamente do que as
pessoas imaginavam, eu me cortava por que era um alivio, não eram pra manipular
os outros. Os cortes não eram pra me
matar, embora haja risco de suicídio, principalmente se me sentisse enjaulada.
Passei
algum tempo estudando o comportamento humano, queria me incluir, ser aceita.
Mas não deu muito certo. Eu queria obrigar as pessoas a encarar minha verdade.
O problema é que eu pertenço a uma geração diferente e não tenho a obrigação de
entender a humanidade, assim como o mundo não tem a obrigação de me aceitar.
Conclusão, não existe hipótese boa, ou é ruim ou horrível.