terça-feira, 23 de junho de 2015

" SO MUCH "

Nas palavras de Fernando Pessoa... sob Alvaro de campos... 

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consanguinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri. 
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. 
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.

A intensidade e a dor da intensidade. O que pro mundo é normal, mas pra um boderline é sempre demais ou de menos.

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE ou DIGAMOS 8/80

Eu sou fracassada, tenho preguiça de viver e ligo para o que as pessoas pensam de mim, e para o que elas falam de mim. Eu sou confusa, mas não consigo lidar com pessoas confusas, e ás vezes, eu ajo de maneira egoísta, e sei disso. Eu prefiro as coisas feitas à minha maneira, embora se envolver outra pessoa, eu me sinto muito angustiada caso a minha maneira não seja a maneira dela mesmo que ela faça da minha maneira, porque eu gostaria que fosse verdadeira. Eu guardo rancores. Eu fujo da vida, e fujo das pessoas. Sou escorregadia, e, ás vezes, dissimulada. Eu até que gosto da minha situação de fracasso e desocupação, porque é confortável para alguém que não tem capacidade. Eu não tinha capacidade, ao menos, nenhuma capacidade inteira; sempre faltam pedaços. Eu tenho uma luta interna, provavelmente desde sempre, contra a parte da minha essência que eu aprendi ser algo fútil, porque eu não quero ser fútil, mas eu sou fútil. Eu sei que há pessoas mais bonitas estaticamente do que eu, e sofro com isso, por algum motivo que eu desconheço, e me sinto culpada por sofrer por isso. Eu me sinto culpada por muitos dos meus sofrimentos. Eu culpo outras pessoas, muitas vezes até distorcendo as situações, pelas coisas que eu me sinto culpada, porque eu preciso ser alguém que não se tem do que surpreender. Eu tenho uma necessidade muito forte de ser considerada uma pessoa admirável e desprovida de características que poderiam ser vistas como desprezíveis, e realmente sofro que, na realidade, eu não sou. Eu até tento não julgar as pessoas, afinal, não se deve julgar as pessoas, porque isto demonstra fraqueza e arrogância, mas eu não consigo deixar de julgar. Aliás, eu sou isso, eu sou fraca e arrogante, sou intolerante, e sou dissimulada. Provavelmente muitos dos meus “ defeitos “ se devem ao fato de que a bondade do meu coração é verdadeira, mas isto não me torna de fato uma pessoa boa, porque a bondade do meu coração não é a única coisa que me constitui. Ás vezes, eu de fato tenho vontade de machucar as pessoas, e consigo. Eu não me arrendo de machucar as pessoas. Se há algum sofrimento nisso, é o de eu sentir, por algum motivo, que preciso machucar as pessoas. E confesso também que não me sinto culpada por não me arrepender de machucar as pessoas. Eu não tenho argumentos. Muitas vezes, eu não raciocínio direito. Muitas vezes, eu faço coisas que sei que não deveria fazer, e que eu poderia fazer e ainda assim me defendo que eu não seria capaz de fazer o contrário, quando eu apenas não quero fazer o que eu deveria fazer. Ás vezes, eu manipulo as pessoas. São manipulações “ pequenas “, situações, com o intuito de me sentir confortável, ou não me sentir desconfortável. Eu quero que as pessoas se sintam compadecidas pela minha situação. Eu me satisfaço quando as pessoas se sentem assim.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

AUSÊNCIA DO NADA OU CRISE EMOCIONAL

Após certa ausência, tenho coisas importantes pra contar . Esta semana, a coisa andou feia, tive crises, quebrei coisas, gritei. Algo que me admirou bastante; era madrugada; e acho que me senti abandonada. Sempre me sinto abandonada talvez seja esta tempestade pela qual andei passando; só sei que eu não conseguia nem pensar durante esta crise, eram só sensações e, por não conseguir pensar, eu também não conseguia falar. Eu ria, eu chorava, eu parecia drogada.
A questão é que minha semana foi cheia destas coisas, e eu cada vez mais retraída, pensando que nada poderia me ajudar. Eu estava até começando a pensar que fosse um erro escrever. Pois, muito bem. De repente, eu entendi - de repente,  pois houve todo um processo de associação, compreensão e desenvolvimento da própria compreensão, que toda vez que jogo uma conquista minha no lixo, uma iniciativa minha no lixo, uma felicidade minha no lixo, ou mesmo minha raiva, minha tristeza, meus desejos, sempre pensando em 'onde determinado sentimento pode levar', pois: minha felicidade não anula minha dor, então ela é descartável; minhas conquistas não anulam minhas derrotas, portanto, de nada servem; minha raiva vai gerar atrito, o que vai me deixar vulnerável à intrusão do outro no meu 'eu', então seu lugar é o lixo; entre outros funcionamentos meus, todas estas vezes, estou jogando a Tádlla no lixo, arrancando um pedacinho meu, mantendo o buraco aberto, a ferida doendo, sem nunca cicatrizar
A dor é o que resta quando se tira tudo o que poderia começar a formar o "todo" almejado, o ego, o self sadio, ausência pela qual sofro e me lamento.
Cheguei à conclusão de que, através desta pequena e simples ação, posso ter um porto seguro, onde eu posso ser eu mesma, sem me preocupar com o que pensarão, com  o que falarão, se é certo ou errado, se é válido ou não - claro que é válido, é meu, eu sou alguém, e assim permitir que, enfim, meu ego se desenvolva e eu deixe de ser uma pessoa pela metade.

Há mais coisas que gostaria de contar,  sobre o que as lágrimas, raiva, medo, dor, tristeza já me trouxe, mas fica para a próxima.