sexta-feira, 15 de maio de 2015

EU CAMINHEI

Meus pés eram puxados por cordas invisíveis
amarradas a um caminhão de coragem
meu corpo em ebulição de realidade,
toda vida em meus pulmões
se esvaindo a cada expirar
soprando pó de mim
ao mundo
que não devolve nem indeniza.
mas mesmo assim eu caminhei,
o caminhão era feito de cinzas de outras vezes,
era reciclado de mim.
E me encontrou me trouxe aqui,
e se desfez.
Eu continuo, mas há perigo
de que numa hora dessas as cinzas estejam dispersas demais
e o que reste de mim seja só um pó sem liga
espalhado pelas trilhas,
sem vida
sem cura
sem vento pra juntar no sopro,
sem nem vontade,
e essa frase curta esgote suas vírgulas
e aceite seu ponto final,
fazendo de um poema de superação
uma tagarelice banal.
Eu rejeito qualquer " afinal "
você, vá soprar em outro lugar.

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