segunda-feira, 25 de maio de 2015

MEIO PSICÓTICA

Eu ia pela rua,
Ia por ela, e ela através de mim.
A rua e eu dançávamos tango.
Pela rua eu ia
E não parava nos faróis vermelhos
E nos verdes eu não seguia
Eu só ia, e à avenida me fundia.
Era noite
As luzes dos veículos e postes me atravessavam
Como se eu fosse a faixa, a passarela
E eu ia de encontro ao cruzamento.
Eu me perdia nas luzes
Como já me perdera do sol do dia
Pra me entregar à noite infinita
Dançar tango com a madrugada
E me tornar estrela
Apagada pela fumaça da metrópole.
E pela rua eu ia
E me fundia à noite
E de mim eu me esquecia.
E quando o Sol já se via
Eu nada mais enxergava
Eu era luz sem olhos
Eu era estrela
Era fumaça
O asfalto me era
E eu era mais.
Pois ao ir pela rua eu descobria
Que eu de mim eu escondia
Atrás de cortina nenhuma
Na frente da própria pupila.

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